Agora que o ano velho foi embora e o ano novo já cá está é importante reflectir sobre um tema que nem sempre gostamos de pensar quando estamos em “festa”: o delicado equilíbrio entre as expectativas e a realidade na procura pela Felicidade Financeira.
Numa sociedade impulsionada pelo consumismo e constantes anseios por mais, é comum depararmo-nos com a ideia de que o aumento de salário, aquisição de bens materiais ou a conquista de determinados objetivos resultarão numa felicidade duradoura. No entanto, a realidade muitas vezes revela um fenômeno intrigante: a discrepância entre as nossas expectativas e a experiência concreta. Neste breve texto, vamos tentar explorar a complexa relação entre a felicidade, as expectativas e a realidade, mergulhando nas teorias do consumismo de Zygmunt Bauman para compreender como o desejo incessante por mais pode influenciar o nosso bem-estar.
Expectativas Elevadas e a Armadilha do Consumismo
Vivemos numa era onde as expectativas são frequentemente accionadas por histórias mediáticas, redes sociais e a constante exposição a padrões de vida aparentemente ideais. Bauman descreve o consumismo como uma força que nos impulsiona a buscar satisfação em bens e experiências efémeras. À medida que as nossas expectativas crescem, tornamo-nos suscetíveis a uma armadilha: a crença de que a próxima conquista material será a chave para a felicidade duradoura.
O Paradoxo do Aumento de Salário
Um exemplo clássico desse paradoxo reside no aumento de salário. À primeira vista, a lógica é simples: mais dinheiro significa mais capacidade de poupar e, portanto, uma vida mais confortável. No entanto, a realidade muitas vezes contraria essa expectativa. Bauman argumenta que o consumismo, ao invés de nos proporcionar segurança, nos induz a gastar mais conforme os nossos rendimentos aumentam. O novo salário torna-se, na verdade, um convite para um estilo de vida mais caro, alimentando um ciclo de desejos insaciáveis.
A Procura pela Felicidade Sustentável
Diante deste cenário, é crucial repensar a abordagem à procura pela felicidade financeira. Em vez de fazer depender a nossa satisfação em conquistas materiais, podemos direcionar o nosso foco para experiências significativas, conexões interpessoais e a adopção de uma mentalidade de gratidão. Bauman alerta ainda, sobre a importância de resistir à pressão do consumismo desenfreado, enfatizando que a verdadeira felicidade reside na apreciação do presente, não na incessante busca pelo futuro idealizado.
Num mundo que nos incentiva a perseguir constantemente o próximo grande objectivo, é importante questionar a validade desta abordagem na procura pela felicidade. A equação de “mais é igual a melhor” muitas vezes nos deixa perplexos quando confrontados com a realidade.
Zygmunt Bauman oferece-nos uma visão poderosa para compreender o